Pedido

E é com pesar que não emaranho nos seus pensamentos, não visito seus sonhos, que não sei de você.

Você é um dia que eu não vivi, mas que eu queria viver. Um toque que eu queria sentir, um afago no fim do dia, as pernas entrelaçadas, olhando para o nada e vivendo mil possibilidades dentro da alma.

Te trazer pra perto é uma ânsia que eu tenho mil vezes, me jogar no seu querer é me transbordar de mim, de luz, de vida.

Quando eu me invado de silêncio, tão calma,
imóvel,
sem saber o que fazer pra te tirar da epiderme,
do ser,
dos olhos,
da calma.

O que eu faço? Você chegou, fez carnaval e deixou um enorme ponto de interrogação na minha existência,
tão fria,
tão só,
tão…
só.

Nos versos livres do meu desespero,
escrevo, murmuro,
te peço,
volta.

Se apaixonar é o primeiro passo para a loucura.

Se apaixonar é o primeiro passo para a loucura.

é pensar que você não foi o primeiro.
e que talvez você não seja o último.
é pensar em todos os que a tiveram por uma noite,
por um dia, por uma semana, um mês, por três meses, por cinco anos.
é tudo o que deu errado que pode dar errado de novo.
é uma masturbação mental torturante.
dor, angústia, a cara formigando, as piores imagens que se pode imaginar.
se apaixonar é uma autodestruição disfarçada.
é pensar que talvez você não foi o maior
ou então não foi o melhor.
é pensar que ela é demais para você
e que ela sente saudade dos velhos dias.
é tentar descobrir por que o telefone ainda não tocou.
e tentar descobrir por que você está preocupado com a porra do telefone.
se apaixonar é mudar sem sentir a mudança.
é pensar em abrir mão das coisas,
é deixar de ser homem aos poucos,
enxergar seus colhões perderem a autossuficiência.
é começar a escrever poesia.
é passar pela seção feminina no supermercado,
sem entender o que caralhos você faz ali.
é olhar para um casal de velhos e conseguir sentir algo.
se apaixonar é rasgar um tratado de paz na cara de Jesus Cristo.
é uma disputa territorial sem fim,
uma guerra já perdida, batalha após batalha.
homem ferido, homem ferido, homem ferido.
é a faca que entra no seu estômago, rasgando-o ao meio.
voem, minhas borboletas.
morram, minhas borboletas.
se apaixonar é descobrir que a vida é maior nas pequenas coisas.
é descobrir os diferentes tipos de risada dela.
é decifrar duas horas de conversa em um único gesto.
é o melhor cheiro do mundo todo.
é o pijama da Turma da Mônica que consegue te deixar com tesão.
é ficar bobo com a curvinha que os seus olhinhos fazem quando ela boceja.
é acordar e se lembrar e sorrir.
é conseguir visualizar um futuro inteiro enquanto ela bebe um copo d’água.
é escolher as palavras e ainda assim falar as incorretas.
é não querer sair de perto.
é não querer sair de dentro.
é um mais um que dão dois.
se apaixonar é coisa de homem.
se apaixonar é coisa de idiota.
se apaixonar é coisa de quem não se ama.
se apaixonar não faz sentido, seu filho da puta.
se apaixonar é o primeiro passo para a loucura.
e ainda assim
ainda
assim
é o mais belo e curto caminho para a felicidade.

Navegar.

Olha pra mim,
se eu cheguei aqui,
é por eu ter sobrevivido aos tantos cantos cruéis que pisei.
Se eu não me afoguei nas tempestades,
se não me joguei de altos andares,
foi só pra chegar aqui e pedir,
por favor,
pra que te encontres em mim.

Tenha em meu pulso o que você quiser,
o sonho não morreu,
o sentido não se perdeu,
existe em mim um cais,
um caos,
uma nau,
pronta pra te navegar.

Olha pra mim,
me vê completa,
serena,
transbordando vontade de viver,
sentir.
Ser aventura na sua cabeça,
pés descalços,
fim de tarde com cheiro de terra molhada depois de uma chuva de verão.

Assina no corpo meu,
todos os seus dedos,
canções,
maldições e
me beija como se eu fosse um destino que você procurou,
ardente
e incansavelmente.

E me deixa ler,
suas entrelinhas,
sua pele na minha,
seu relicário favorito.

Intenso,
brilhante e
ameno.

Sem rumo.

Eu não sei nem como começar. Sim, eu sei. Sumi durante anos e do nada eu apareço aqui para escrever pra ninguém ler. Chega a ser patética a minha ânsia de, finalmente, cuspir tudo o que venho carregando nesses últimos anos em que estive ausente. Perdi a prática, perdi o tom da poesia. Então lamento, mas hoje eu tenho apenas fragmentos de muito sofrer sem delongas e sem enfeites.

Minha vida tem sido um verdadeiro mar bravo, em meio à uma tempestade. Um eterno vai e vem de “hoje está tudo bem, daqui dois minutos não está mais”. Sem porto seguro, sem comodidade, só muita turbulência. Amar antigamente, pelo menos pra mim, era o mais leve dos sentimentos, era o que me motivava a escrever textos e textos piegas para pessoas apaixonadas se encontrarem. Hoje? Eu me questiono se realmente sei o que é amor, ou se só me encostei em relacionamentos meia boca pra não me sentir sozinha.

Ora, o que eu aceitei pra mim? Que tipo de tratamento eu aceitei pra minha vida? Sempre fui maltratada pelos meus queridos amores infinitos que acabavam em um ano ou pouco mais. Sempre fui um fantoche que tudo engolia nessa minha necessidade absurda de viver um amor de filme francês.

Hoje eu vejo que perdi toda aquela minha essência de poeta, de menina sonhadora, da necessidade de transcrever meus sentimentos pro papel. Eu não me sinto mais eu, estou completamente perdida em um personagem cru que não tem mais vontade de viver o extraordinário.

Preciso me encontrar, preciso me reencontrar. Urgente! Antes que eu exploda e não suporte mais viver uma vida cinza. Preciso voltar a ter fé no amor, nas aventuras, na loucura que é a vida. Preciso sentir as batidas do meu coração que estão implorando por histórias, por personagens, por novas linhas e caminhos. Cadê você? Aparece! Sinto falta de você, meu eu. Sinto falta de todas as coisas que podemos ser.

A verdade é que, é muito mais fácil escrever quando se está sofrendo. Pelo menos pra mim, sempre foi desse jeito. Tantas vezes desabafei em linhas o que eu estava passando, aquela ânsia das coisas não darem certo pra mim, fazia eu caminhar por entre as palavras e isso me causava certo conforto. Imaginar amores impossíveis, sonhar com realizações improváveis… tudo caminhava lado a lado com a minha escrita.

Chorar e pegar a caneta e o papel era a mais divertida das horas, ficar no meu canto, sossegada no meu mundo, não ter limites para cuspir o que precisava ser escrito. Escrever era uma parte minha que eu nunca pensei que abriria mão. Mas abri. Talvez eu não fosse tão criativa e talentosa assim. Talvez fosse uma paixão daquelas avassaladoras porém curtas, finitas. E eu me sinto mal toda vez que penso nessa possibilidade.

Agora, quando me entristeço, só me isolo e fico torcendo para que as coisas passem logo, que os monstros parem de gritar aos meus ouvidos, que a vida seja, pelo amor de Deus, um pouco mais fácil. Ando em uma sinuca de bico sem fim, uma ânsia de que as coisas vão só piorar e definhar e eu não consigo mais colocar nada pra fora, nem uma palavrinha, frases soltas, nada. Minha mente virou um espaço em branco. Uma pena, que pena…

Não tem mais sonhos com receber flores e versos, não existem mais músicas que me fazem chorar. Acho que empedrei de uma forma tão ruim que sequei todas aquelas coisas que faziam meu ser faiscar.

Não vou conseguir terminar esse texto, pra variar. Talvez esse seja o meu novo eu: sem ânimo para desabafar, apenas empurrando com a barriga os dias que me são dados.

Não tão mais francesa.

As pessoas mudam tanto em tão pouco tempo. As prioridades viram esquecimento, amores são enterrado há sete palmos do chão para que floresçam outros, mudamos os cabelos, as músicas e até mesmo a forma de nos expressarmos.

Vez ou outra, me pego nostálgica pensando nesses anos todos em que nutri o sonho de ser escritora, artista, apaixonada. Vejo o quanto sofri por coisa supérfluas e em como eu depositava esperança nessa minha viagem literária pelos sete mares.

Sinto falta de escrever assim, com a alma. E gostaria tanto de poder voltar… mas sempre que começo, desisto por achar que perdi o jeito. Engraçado, né? Talvez eu tenha mudado tanto, que essa minha parte menina, que sonhava em morar na França e poder viver das minhas criações tenha resolvido ir dormir… mas isso dói.

Ainda escuto as músicas de Yann Tiersen e choramingo pelos cantos. Mas hoje, vivo um amor aventureiro e saudável, que não me faz sofrer. Exploro o que a vida me traz de melhor, mas com cada vez menos tempo de ser cabeça nas nuvens. A dor de precisar crescer às vezes me assusta, faz com que eu fique encolhida na cama a noite, sentindo falta da minha forma bonita de ver o mundo, da forma simples em que eu só flutuava e as coisas aconteciam.

Talvez eu não queira crescer. Talvez eu ainda ache incrível a sensação de escutar o acordeon tocando nos fones de ouvido enquanto penso em algo bobinho para escrever. Talvez, no fundo do meu peito, em algum canto escondido, exista ainda a necessidade de deixar a minha mente rodopiar e escalar palavras em forma de valsa, de surra, de todas as formas de amor.

Pensei que não precisava mais escrever, porque o meu escrever era sofrimento. Mas hoje entendo que não. Sou feita disso e não posso negar. E nem quero mais! Agora seja o que a literatura quiser de mim…

Amontoado.

Vou transformar meu blog em um diário mais pessoal.
Começando!

Nada aconteceu. Talvez eu precise ler mais para conseguir me inspirar em viver essas aventuras enormes que o mundo literário tem. Talvez eu espere muito do mundo, quando, na verdade, ele é um monte de chatice e as coisas legais estão só dentro de nós e dos nossos sonhos. Não sei! As coisas andam confusas… estou em um momento de nada, meu futuro está travado nas decisões que preciso tomar para dar continuidade as minhas histórias, mas decisões são tão incertas e na grande parte das vezes tão decepcionantes, que bate uma preguiça imensa de correr atrás. Meu livro parou no capítulo 19, talvez por pura ironia da vida, já que em menos de um mês completo duas décadas em terra. E eu não sei se é sobre amores biológicos que quero escrever. Será que dá tempo de mudar? Sinuca de bico define meu momento agora. São Bukowski de Andernach, me ajuda nessa questão, faz “favô”.

Faísca.

Esquiva da espada que
rasga sua vontade de viver
e de ver que há caminho
a ser trilhado.

Feliz é aquele que vive a leve vida
de forma intensa e não cansa de lutar.

Tranquilo é aquele que respira
seus amores, suas dores e
não se importa em se envenenar às vezes.

Rico é aquele que não guarda mágoas,
que encara as derrotas com naturalidade,
que transborda maturidade em fases ruins.

Quem dera poder ser tudo que escrevo e penso,
falar é fácil,
viver manso que é difícil.

Faço dessas palavras a minha lei!

Se não for para viver de amor, que eu “viva” há sete palmos do chão, fazendo com que as larvas me amem por alimentá-las.

Escrito em 27/03/2011, em um caderno velho de anotações.

Ps: saudade dessa época, eu costumava a escrever mais.

Sintonia.

Sinta a euforia que é
Ter você nos braços
meus.
Você: desassossego total,
amor além da epiderme,
insano, fervente, completo.
Contigo me sinto completa
mente completa, copo-meio-cheio, transbordando, indo em correnteza para todo canto. É amor que não se consegue medir.
A parte que falta em mim há
bita em (você) suas vísceras.
Falta entender o que me faz,
ver que só você pode ter,
tanta paz e me dar conta que
sem isso eu sou tanto faz.
Estranho sentir isso tu
dominando meu ser
ia isso, eterno amor e além?
Seria eu completa e perfeita
pros seus passos de loucu
rasas de medo?
Torço para que sim,
porque você é a melhor parte de mim.
E a mais bonita também,
meu bem.