As pessoas mudam tanto em tão pouco tempo. As prioridades viram esquecimento, amores são enterrado há sete palmos do chão para que floresçam outros, mudamos os cabelos, as músicas e até mesmo a forma de nos expressarmos.
Vez ou outra, me pego nostálgica pensando nesses anos todos em que nutri o sonho de ser escritora, artista, apaixonada. Vejo o quanto sofri por coisa supérfluas e em como eu depositava esperança nessa minha viagem literária pelos sete mares.
Sinto falta de escrever assim, com a alma. E gostaria tanto de poder voltar… mas sempre que começo, desisto por achar que perdi o jeito. Engraçado, né? Talvez eu tenha mudado tanto, que essa minha parte menina, que sonhava em morar na França e poder viver das minhas criações tenha resolvido ir dormir… mas isso dói.
Ainda escuto as músicas de Yann Tiersen e choramingo pelos cantos. Mas hoje, vivo um amor aventureiro e saudável, que não me faz sofrer. Exploro o que a vida me traz de melhor, mas com cada vez menos tempo de ser cabeça nas nuvens. A dor de precisar crescer às vezes me assusta, faz com que eu fique encolhida na cama a noite, sentindo falta da minha forma bonita de ver o mundo, da forma simples em que eu só flutuava e as coisas aconteciam.
Talvez eu não queira crescer. Talvez eu ainda ache incrível a sensação de escutar o acordeon tocando nos fones de ouvido enquanto penso em algo bobinho para escrever. Talvez, no fundo do meu peito, em algum canto escondido, exista ainda a necessidade de deixar a minha mente rodopiar e escalar palavras em forma de valsa, de surra, de todas as formas de amor.
Pensei que não precisava mais escrever, porque o meu escrever era sofrimento. Mas hoje entendo que não. Sou feita disso e não posso negar. E nem quero mais! Agora seja o que a literatura quiser de mim…